22 de outubro de 2012

Por onde anda o fenomenal Tim Burton?

Há quem diga que só neste ano ele dirigiu o recém-lançado Sombras da Noite (2012) e ainda esteve envolvido, ora como produtor, ora como diretor, em pelo menos 4 outras películas (Abraham Lincon - o caçador de vampiros; Made from Ox Gut; Frankenweenie e Big Eyes). Sim, o homem não para. Mesmo assim eu pergunto: por onde anda o fenomenal Tim Burton?

A minha dúvida está relacionada ao gênio de Os Fantasmas se Divertem (um dos meus filmes favoritos); Edward Mãos de Tesoura; The Nightmare Before Christmas; Big Fish entre tantos outros infinitamente melhores do que os enfadonhos A Fantástica Fábrica de Chocolates; Alice no País das Maravilhas; A Salvação e assim por diante. É claro, pelo menos para quem escreve sobre máscaras e bonecos, Tim Burton é um dos maiores gênios da animação e da fantasia, e sempre será!

Nos 4 primeiros filmes citados a direção de arte era coisa fina. Eu poderia até dizer que nos outros filmes também, como no premiado A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça, ou no próprio Alice no País das Maravilhas (ambos ganharam prêmios de direção de arte e Alice ainda levou oscar de figurino), mas não é a mesma coisa. Quem não se lembra dos cenários de maquete de Edward Mãos de Tesoura e Os Fantasas se Divertem? E aquele monstrinho nojento chamado Beetlejuice, que saía da maquete e voltava para ela e com todo seu asco conquistou milhares de fans? E por outro lado, a estética grotesca e ao mesmo tempo maravilhosa de Nightmare Before Christmas - obra de gênio! O que teria acontecido com o rei das sombras??? Afinal, é por isso que ele merece um lugar de destaque, não apenas em blogs como este!

Os filmes mais antigos de Tim Burton tinham uma ambientação muito peculir. Um mundo a parte, retratado pelas cidades de maquete, todas casas perfeitinhas, com seus jardins erméticamente podados e cuidados, moradores felizes com seus carros nas garagens. Uma clara ironização do American Way of Life. Com o tempo parece que se sentiu repetitivo e mudou um pouco o disco, sem perder o ar sombrio e o humor ácido. Esse ar sombrio, uma influência dos filmes trash que Burton assistia quando jovem, pode ser muito bem apreciado em Nightmare Before Christmas; A Noiva Cadáver e Sweeney Todd, por exemplo.

Fotos de Os Fantasmas se Divertem - 

A miniatura da casa onde se passa boa parte do filme. A casa em tamanho real também foi montada só para o filme

Olha só que massa essa maquete da cidadezinha!!!
 Achei esse post muito legal sobre a cenografia de Os Fantasmas se Divertem - Hooked on Houses

Já em Alice no País das Maravilhas, o que era para ser uma combinação explosiva do maravilhoso texto de Lewis Caroll com a estética brilhante de Burton, se tornou mais um fantoche do cinema americano. Muitos dedos tornaram a empreitada um sucesso comercial, porém uma brincadeira de mal gosto para quem estava com a expectativa lá em cima. Se Burton vai voltar ou não a fazer filmes como antigamente eu não sei, mas pelo que ele já fez certamente merece seu lugar no Olimpo do cinema, que eu nem sei se ainda é Hollywood!

Olha só o trailler do Edward. Esse filme é de chorar!


E pra finalizar, um dos meus favoritos, O Estranho Mundo de Jack!!!!



17 de outubro de 2012

Os irmãos Quay - animação fantástica!

Criar um mundo fantástico não é tarefa fácil, mas para quem assiste aos filmes dos irmãos Quay a impressão é exatamente o contrário. Apesar da temática bizarra, com bonecos estranhos, música esquisita e roteiro pra lá de doidão, estes dois irmãos gêmeos nascidos na Filadélfia são considerados verdadeiros gênios.

Recentemente os irmãos Quay foram tema de uma exposição individual no MOMA, o conceituado museu de arte moderna de Nova Iorque. Convenhamos, não é pra qualquer um! A mostra não deixa dúvidas de que os irmãos são mestres numa forma de animação chamada stop-action, que eles revelaram em 1979. Esses trabalhos se baseiam no surrealismo, no gótico e no vitoriano, e também refletem a profunda ligação dos Quay com a literatura, as artes gráficas, a animação e a música do Leste Europeu, cultivada desde os tempos em que eram estudantes de arte.

O melhor das animações dos irmãos faz uso de marionetes, bonecos, animais empalhados e criaturas afins (demônios maníacos emplumados são uma especialidade), que encenam seus encontros quase sempre mudos nos palcos dos Décors. Essas caixas volumosas, que levam adiante a estética da colagem de Joseph Cornell e do artista tcheco Jiri Kolar, ordenando uma surpreendente quantidade de materiais naturais e artificiais, além de objetos achados, são esculturas, à sua maneira.

Assista abaixo a uma entrevista com esses dois feras!



Fonte: Jornal O Globo

Bonecos a venda!!!!

Atualmente tenho 3 bonecos prontinhos, esperando um pai adotivo para dar-lhes vida!

Um marionete não é só um enfeite ou uma simples peça de decoração, ele também é um ser vivo!!! Você vai ver quando tiver o seu, irá conversar com ele, brincar, fazer teatro, e até usá-lo na educação das crianças, caso você tenha alguma por perto!

Eu costumo criar marionetes e máscaras sob encomenda, mas isso não é regra. É como um casal e seus bebês: nem sempre os filhos vem quando planejamos, certo? As vezes acontece, e os bonecos nascem!!!

Abaixo as fotos das crianças que já estão prontinhas aqui em casa!

Esse cara é mesmo um romântico!
Uma boa música na ponta da agulha, provavelmente Debussy

Molecão só quer saber de funk, em alto e bom som!
Tem que ter atitude





Marionetes podem ser de qualquer crença ou religião!
 
Não é todo dia que você encontra um cara bonito como eu né?

Se você tiver interesse em algum desses bonecos ou em encomendar um outro da sua preferência me mande um e-mail: edudiassouza@gmail.com

Beijos e abraços (pode escolher)

14 de outubro de 2012

Programe-se e vá na 36a Mostra de Cinema de grátis!

Pra você não ficar achando que eu menti quando disse que o Festival Internacional de Cinema de São Paulo tem um monte de exibições na faixa, olha só as informações que eu colhi (entenda-se, copiei) sobre o assunto:

As salas abaixo terão entrada gratuita em horários pré-definidos (de 19/10 a 01/11):
- Cine Sabesp (10hs)
- Cine Livraria Cultura 1 (10hs) e 2 (14hs)
- Museu da Imagem e do Som (10hs)

*A sala do Cine Olido também integra a programação, e conta com ingressos até R$ 1,00


Outras opções para assistir aos longas sem pagar nada:
- Itaú Cultural
- Vão livre do Masp
- Parque do Ibirapuera
- Faap
- Matilha Cultural
- CEU Perus
- CEU Parque Anhanguera

Acabei de checar novamente e a programação ainda não está disponível no muito legal, bonito e elegante porém pouco eficiente site da mostra na internet. A dica é você colar lá no Conjunto Nacional, na Av. Paulista, que tem um estande montado durante toda a mostra, com o guia, informações e etc. etc. etc. Moleza!


Vai começar a 36a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

Em sua 36a edição, a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo será realizada, pela primeira vez, sem a presença de seu criador, o armênio naturalizado brasileiro, Leon Cakoff. Falecido no final de 2011, Cakoff deixou como legado um dos maiores eventos cinematográficos do Brasil.

Desde Melies o cinema tornou-se uma das formas mais incríveis de representação dos sonhos, seja nos filmes de ação, aventura, animações, comédias ou qualquer outro gênero. Me chamam atenção, particularmente, as animações e os filmes fantásticos, principalmente aqueles que utilizam bonecos, maquetes e outros objetos na composição dos cenários e personagens. Mas isso é assunto pra um outro post, vamos ao que interessa.

A 36a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo será realizada de 19 de outubro a 01 de novembro e terá como um dos principais destaques a exposição “Luz Instantânea”, composta por 80 polaroides originais do cineasta russo Andrei Tarkovski (1932-1986) – diretor de longas como “Stalker”, “Nostalgia” e “O Espelho”. A exposição ficará em cartaz no Masp com a presença do filho do diretor, responsável por seu acervo.


A programação completa ainda não está disponível no site da Mostra (36.mostra.org), mas certamente estará lá em breve, afinal faltam poucos dias para o início. Vale a pena procurar as exibições com entrada franca, já que sempre tem coisa boa, como por exemplo as exibições ao ar livre no Auditório do Ibirapuera. 
Este ano o encerramento da Mostra será justamente com a exibição do clássico Nosferatu, de F. W. Murnau. Se você já assistiu Nosferatu ao ar livre no Ibirapuera e acha que não vale a pena ir de novo, fique sabendo que este ano a trilha sonora será executada ao vivo, por uma orquestra de 80 músicos. Imperdível, adoro monstrinhos, ainda mais esse que foi a primeira adaptação para o cinema do clássico de Bram Stoker.




9 de outubro de 2012

Quem é seu personagem mascarado favorito?

Entre as inúmeras personalidades e personagens, clássicas ou modernas, antigas ou contemporâneas, muitas usam ou usavam máscaras. Quais são as suas preferidas? Porque estes heróis históricos ou de histórias em quadrinhos, de antigas lendas e mitos não queriam ou não podiam mostrar sua verdadeira identidade? Seria timidez??? Leia o que vomitei logo abaixo e se quiser diga no final quem é ou qual é sua mascara famosa mais querida! Pra que? Sei lá, curiosidade....

Afinal, quem são essas figuras e porque usam máscaras? 

Zorro é servido com tequila
Muitos gostam da famosa máscara do guacamole Zorro. Ele faz o tipo charmoso, galã, etc., etc., etc., e tanto seu corpo como seu temperamento latino (uma mistura de americano e mexicano - se é que eles se misturam) são cobertos também por capa e chapéu pretos. Paga de bom moço, porque afinal de contas toda a trama gira em torno desse Don Juan de máscaras que defende os pobres do vilarejo constantemente atacado por vilões (nesses filmes vilões brotam mais que banana).
Por quê ele usa máscara não é nenhum segredo. Além da necessidade de se camuflar pela própria insurgência contra o poder estabelecido, com a máscara de Zorro o doidão ainda tirava uma casquinha da mulher que ele gostava, coisa que não poderia fazer normalmente (a donzela não curtia muito o cara que era a identidade secreta do Zorro, gostava mesmo era do herói!).

Já que falamos de um herói espanhol, muito associado com a cultura mexicana, nada mais justo do que lembrar de uma dupla de mascarados norte-americana! Sim, iremos descobrir em poucas linhas qual a diferença do mascarado em cada lado da fronteira! E quando o assunto é stadunidus, o que poderia ser melhor do que citar dois heróis que são o símbolo da terra dos livres e lar dos bravos, o casal gay mais enrustido dos quadrinhos, os cueca apertada mais famosos do mundo, a dupla dinâmica Batman e Robin!?
Heróis quebrando preconceitos
Como todos sabem, depois que seus pais foram latrocinados, Batman foi atacado por um morcego, e tornou-se o Homem Morcego, Cavaleiro das Trevas, etc., etc., etc. Ele passou a usar máscara tentando se convencer de que a mordida do morcego tinha feito ele virar um homem-aranha, só que morcego. Se ele tivesse virado morcego mesmo, não precisava da fantasia! Mas ele usa. O caso do Robin é um pouco mais complicado, porque existiram vários Robins. Vamos falar só do primeiro deles, porque foi o primeiro e porque é o unico que eu sei alguma coisa. Era um moleque de circo e por isso usava uma roupa incrivelmente discreta, só que ao contrário. Acho que no circo ele era aquele homem foguete sabem? Aquele que entra no canhão e se explode!

Máscara pela metade e um rosto mais feio
A mim particularmente agrada o mascarado conhecido como Fantasma da Ópera, cuja máscara esconde um personagem cheio de mistérios e extremamente apaixonado (música de violinos no fundo, ai que amor!). Você já deve ter visto, ele usa aquela máscara que é só metade, mas provavelmente foi tudo que ele conseguiu (máscaras sob medida são mais caras, todo mundo sabe disso!). O negócio é que o teatro onde ele trabalhava pegou fogo e ele se queimou um bocado, nem o bombeiro deu conta ali. A parte da cara queimada ficou coberta pela máscara, e a outra parte ficou feia mesmo, porque já era. Ele passou a morar debaixo dos escombros, ou do novo teatro, ou do que sobrou do velho, sei lá,  e seguiu uma vida bizarra até se apaixonar por uma gostosa que não gostava dele, mas gostava.....acho que não precisamos de mais detalhes. Nesse caso é só isso mesmo que importa.

Recado político e muito sarcasmo
O tema máscaras e mascarados torna imperativa a lembrança do sarcástico Anonymous, um grupo de hackvistas que representam diversos grupos anarquistas simultaneamente. Em algumas aparições públicas membros do grupo utilizam a famosa máscara de Guy Fawkes, membro de um grupo que tentou explodir o palácio britânico de Westminster em 1605. Não sei se desde então, mas com certeza a máscara do homem tem sido utilizada em diversas manifestações públicas! É aquela com um sorrisinho meio sacana, parece que ele está se masturbando constantemente......enfim, vamos ao que interessa. Usam máscaras os Anonymous por motivo óbvio - se manter anônimos! A imagem de Guy Fawkes me parece ser em tom de insurgência, uma referência ao atentado ao poder praticado por Fawkes. É uma máscara politizada....chique né?

Donos das máscaras mais incríveis, os japoneses do teatro Noh (vou ficar devendo um post só sobre as máscaras Noh) também são os japoneses de uma máscara em especial, utilizada no mundo inteiro: a máscara do ninja! Claro que hoje em dia até motoboy e esquiador usam, mas ainda chamam de máscara ninja! Os ninjas eram agentes secretos no Japão Feudal que utilizavam técnicas de guerra nada ortodoxas, como a espionagem e o assassinato. Para se infiltrar no inimigo não podiam ser vistos e se fossem jamais seriam reconhecidos, por isso usavam máscaras.

Irmãos brigam mesmo
Poderia falar do Homem de Ferro, aquele boneco de lata americano, mas podemos pular esse porque já falamos de um casal americano mascarado, mas não se preocupe, podemos falar do Homem da Máscara de Ferro, que não tem nada a ver, mas beleza! Este saiu de uma sequencia do romance de Alexandre Dumas, Os Três Mosqueteiros, e seria o irmão gêmeo do rei Luis XIV, da França. É uma história manjada, mas muito legal. Um irmão tranca o outro na masmorra com uma máscara de ferro para ninguém ver que são gêmeos, e assim reinar soberano! Lindo não?

Enfim, são muitas histórias de mascarados, contei algumas que eu lembrava, mas se você quiser falar de alguma especial, escreva um comentário!

8 de outubro de 2012

O que fazer com papel, tesoura e uma máquina fotográfica?

O que a fotografia tem a ver com o teatro de bonecos???
Como a releitura de uma simples brincadeira de criança pode tomar dimensões artísticas?

Abra seus olhos e sua mente para chegar às respostas

É dificil estabelecer todos os vínculos possíveis entre duas formas tão subjetivas de arte. A fotografia por si só abrange tantas formas de comunicação visual e sua utilização como manifestação artistica é tão abrangente que se torna óbvia a associação com qualquer outra arte.
O teatro de bonecos também não pode ser reduzido a uma definição muito objetiva. Existem bonecos animados com fios, com hastes, bonecos fantoches, ou inúmeros outros objetos inanimados que podem servir para contar histórias. As temáticas também são variadas, desde a crítica social até o puro entretenimento, da representação de um fato histórico ao romance.
A fotografia em muitos casos serve de base para a criação de personagens, cenários e até na amibientação das peças, tanto no teatro convencional quanto no teatro de bonecos. Também é utilizada no registro das peças, dos espetáculos, ou para estudo.
Mas para nossa sorte, foi uma forma bem menos documental que levou o fotógrafo David A. Reeves a mesclar fotos e bonecos. Num ensaio muito bacana, ele criou silhuetas de papel com diversas temáticas e as fotografou em cenários com iluminação própria. Não que ele tenha feito algo inédito, muito pelo contrário, esse tipo de trabalho é mais velho do que pijama de bolinha, mas é justamente aí que mora a surpresa - pegar algo velho e através de uma leitura moderna construir algo novo!

O resultado você pode ver clicando nesse link, mas como sempre, dou uma prévia aqui mesmo!





Viu só o que da pra fazer com bonecos de papel!!???




Marionetes Guarujá

Entre os grupos que fazem bonito no teatro de bonecos sem dúvida nenhuma estão os Marionetes Guarujá. Em atividade desde 1993, o grupo formado por três jovens da cidade de Guarujá, no litoral paulista, já se apresentou em diversas cidades brasileiras. Thiago, Tarcisio e Ulisses são os responsáveis por essa trupe, como criadores e manipuladores dos bonecos, que vão de Michael Jackson a Michel Teló, de Frankenstein e Caveira até um cozinheiro maluco.
No site Marionetes Guarujá você encontra fotos, vídeos e os contatos caso queira contratar um espetáculo de bonecos!
Vale a pena conferir.

Abaixo o vídeo do grupo interpetando Ai Se eu Te Pego, com Michel teló boneco!

 
Na minha opinião, melhor que o original!


5 de outubro de 2012

Baba antropofágica no Itau Cultural

Já está na minha agenda: Lygia Clark: uma retrospectiva - no Itau Cultural.
Não gosto muito de ficar babando ovo nessas instituições com nome de banco, mas tenho que reconhecer, assim como a Caixa Cultural e o Centro Cultural Banco do Brasil, o Itau Cultural sabe bem o que faz. Lá as exposições sempre são tratadas com muito esmero, mesmo que eventualmente com poucas peças, conseguem trazer um rico material, seja pela montagem, curadoria, pelas associações com outros artistas....fato é que uma exposição no Itau Cultural sempre dá caldo!

Imagino que no caso da Lygia Clark não seja diferente. Nascida em 1920, Lygia iniciou seu aprendizado artístico com Burle Max e foi uma das fundadoras do grupo Frente, um verdadeiro marco artístico brasileiro. Pintora e escultora, a artista passou a utilizar experiências sensoriais em suas obras, assim que se intitulou uma não-artista, radicalizando conceitos. Entre 1970 e 1976 residiu em Paris, onde lecionou na Faculté d´Arts Plastiques St. Charles, na Sorbonne. Ganhou notoriedade internacional a partir da década de 80, principalmente por suas instalações e body art. 

Olha aí alguma coisa dela e depois me diz se não vale a pena:


Baba Antropofágica

Diálogo - Óculos, da série nostalgia do copro



Já ia me esquecendo - se não me engano a exposição vai até 11/11, mas melhor não confiar muito. Vai logo ver!
Se quiser ver um pouco mais aqui mesmo, online, recomendo O Mundo de Lygia Clark
Divirta-se

Acho que vi um gatinho.....

Uma das máscaras mais procuradas e utilizadas que eu tenho notícia é uma máscara de gato. Inclusive eu fiz uma, sob encomenda, e todo mundo que vê quer comprá-la!!!! Ela tem um formato meio padrão, a cara de gato! Se você tem um molde comum, desses que você compra por aí, e não quer fazer nada muito óbvio e banal, o ideal é soltar a mão na hora de fazer o desenho. Eu particularmente uso poucas cores, minha paleta é muito reduzida e o destaque de cada peça fica por conta do desenho mesmo e da infinidade de combinações que é possível fazer com apenas 3 ou 4 cores!
Abaixo a máscara de gato que falei:



No começo, o papel!!!!
Olha como muda de cara com o acabamento!
Detalhes dourados. Biito!!!

3 de outubro de 2012

Marionetes, Nonsense, Animação, Surrealistas e otras cositas mas

E já que nos últimos posts falei bastante da República Tcheca, acho que é um bom gancho para falar do surrealista Jan Svankmajer. Talvez você já tenha visto alguma animação dele, mesmo sem saber. Dois pedaços de carne dançando um tango? Se isso parece loucura para você então não conhece mesmo o Svankmajer.

Esta aí deve ser a mais famosa das animações dele:

 
Genial, né não?


Acho que esse gênero tem tudo a ver com o teatro de bonecos. O princípio é o mesmo, objetos inanimados que ganham a vida por meio de um manipulador, no caso, um gênio! 

Em tempo, Svankmajer nasceu em Praga, em 1934, e diz ter sido influenciado por um pequeno mimo que ganhou de natal quando criança: um teatro de bonecos! Talvez você não tenha lido o post anterior que fala um pouco disso, nesse caso basta você saber que na República Tcheca era bastante comum as famílias terem em casa seu próprio teatrinho. 
Ora pois, o fato de Svankmajer assumir a influência que teve o teatro de bonecos em sua vocação para a animação já diz tudo. Acabou! Segue abaixo mais um de seus filmes e lembre-se, até o Tim Burton se inspirou nesse cara!
Trata-se da versão Svankmajer do clássico nonsense, Alice no país das maravilhas. Saca só:


Bonequeiros unidos!

Nesta terça-feira (02/10) estive novamente na Caixa Cultural, em São Paulo, para um encontro informal com o bonequeiro tcheco Pavel Truhlar e mais dois bonequeiros brasileiros. Hoje dono de uma das lojas mais conhecidas de Praga, a Marionety, Pavel faz apresentações em locais públicos e privados, ministra workshops, participa de exposições e também cuida da loja. Atualmente quem faz os bonecos é seu irmão, a quem ensinou o ofício para poder tocar os negócios.
Também estiveram nesse encontro o mestre Danilo Cavalcanti, do grupo Mamulengo da Folia e o ator e bonequeiro Paulo Carvalho, da Companhia Stromboli.

Um pouco de história

Para esquentar a conversa, Pavel começou nos contando um pouco a história do teatro de bonecos em seu país, a Repúblia Tcheca. O início se deu na primeira metade do século XVII, por influência da Itália, França e Holanda. Grupos itinerantes eram responsáveis pelos espetáculos que ganharam notoriedade entre as classes mais pobres da Boêmia (não existia ainda nem a Tchecoslováquia como estado independente), que podiam assistir as peças com bonecos devido ao custo mais acessível do que os teatros convencionais, muito mais elitistas.
Foram justamente estas companhias as responsáveis por atualizar o "povão" daquilo que acontecia nos grandes centros. Elas fazim a ponte entre a nobreza das grandes cidades e os proletários do campo, levando notícias através de peças. Com o tempo o teatro de bonecos foi ganhando notoriedade e praticamente todas as famílias mais abastadas da região da Bohemia possuiam em suas casas teatros completos, utilizados inclusive para a educação de seus filhos.
Além do carater educativo, imputa-se ao teatro de bonecos a responsabilidade pela sobrevivência do idioma tcheco. Isso se deu principalmente pelo fato da região da Boêmia ter forte influência germânica, inclusive sendo o alemão a língua oficial. No entanto, quando faziam as apresentações os atores falavam a língua do povo, o tcheco. Por isso a importância histórica dessa atividade.
Com o tempo a profissão de "gravurista" (talvez haja um termo mais adequado, mas foi essa a palavra utilizada pelo tradutor tcheco) ganha extrema importância. Assim como a maioria dos ofícios das classes mais baixas, este também é passado de pai para filho. Os gravuristas faziam trabalhos nas igrejas e palácios, entalhando móveis, portas, janelas, paredes, e as vezes faziam bonecos. As companhias de teatro mais simples faziam seus próprios bonecos, já as mais abastadas contratavma gravuristas, assim como os nobres interessados em ter marionetes em casa.
No início do século XX o teatro de marionetes era extremamente popular, mas isso nào durou muito. Após a grande guerra, quando o país se tornou comunista, houve uma grande decadência na produção dos marionetes, com artistas queimando, quebrando e jogando fora seus bonecos, peças e teatros. O teatro, tanto na sua forma tradicional como de bonecos, atualizava o povo, falava a verdade, e com o novo regime foi vítima de censura. Alguns grupos e peças com temática soviética permaneceram. Foi o suficiente para manter viva a chama da arte.
Após a revolução de 89, com a queda do muro de Berlin e um simbólico fim do comunismo a arte renasce. O Leste europeu passa a conhecer o Oeste e vice-versa. Os ocidentais passam a se interessar pelos teatros de bonecos e os gravuristas, mais do que nunca, começam a fazer bonecos para decoração e souveniers.
A esta altura, e até hoje, esta é uma profissão extremamente reconhecida no país.

Os bonecos de Pavel

                                
Seus bonecos são todos feitos de madeira e as manoplas utilizadas para a movimentação são bem diferentes das que eu uso nos meus. O mecanismo que eu uso para a articulação e manejo dos bonecos é da escola alemã, que aprendi com minha mãe, que por sua vez aprendeu com sua irmã que trouxe a técnica da Alemanha. Pavel me disse que na República Tcheca eles usavam um sistema muito parecido até o início da década de 80 (sim, a influência alemã sempre foi muito grande naquele país), quando este foi sendo gradativamente substituido pelo atual. O pioneiro no modelo utilizado até hoje em Praga foi o professor Josef Skupa, e posteriormente Milos Kirchner, que veio a ser o diretor do teatro Spejbel a Hurvinek, nome dos personagens criados por Skupa. Quando vivo, Skupa chegou a ser preso pelos nazistas pelo seu trabalho "subversivo" e conseguiu escapar de um campo de concentração em Dresden, que estava sendo bombardeado pelas forças aliadas em 1945. Depois da fuga Skupa montou o novo teatro, Spajble a Hurvinek. No vídeo abaixo você poderá ver uma versão moderna dos famosos personagens de Skupa.

                                  
A história de Skupa me fez pensar um pouco no que Pavel me disse durante o encontro de bonequeiros, sobre a forte crítica social de algumas peças de teatro e do teatro de bonecos - "Todo mundo erra, então material para crítica social tem bastante". Isso foi quando ele foi perguntado sobre o processo criativo para a montagem das peças e dos bonecos. Parece incrível para quem não conhece Praga, a República Tcheca ou os tchecos que naquele país frio e distante haja tanta brincadeira e alegria! Sim, a alegria não é um produto exclusivo dos brasileiros, ou dos países de língua latina. Não  pode ser a toa que Praga tenha se tornado a capital mundial dos bonecos!








1 de outubro de 2012

A arte em estado de iminência

A Bienal de Artes de São Paulo é sempre um evento à parte. Graças ao que, na minha opinião, existe de mais sagrado no mundo das artes - a liberdade de expressão - continua sendo plural, intensa e pouco óbvia. Em sua trigésima edição, vale ressaltar a ótima proposição do tema, de uma arte em estado de iminência. É, segundo os organizadores, uma arte que acontece de novo a cada vez; que se renova sempre; que transcende intenções e programas; são obras e autores vinculadas e desvinculadas incessantemente a outras obras e outros autores, clássicos ou não. São obras em estado de espera. Pude perceber que os organizadores e a curadoria fizeram um ótimo trabalho, apresentando peças incríveis ao lado daquelas que levantam diversos questionamentos, como sempre.

Eu, particularmente, já desisti de ir a Bienal para ver tudo de uma só vez. Prefiro as doses homeopáticas - vou ao menos duas vezes - para aproveitar tudo que eu quero, pelo menos quando o evento é gratuito. Em cada visita vejo apenas a metade das obras, ou 2 dos 4 andares, com a atenção que eu acho que merecem - parando e lendo tudo que eu gosto, do começo ao fim. Quando eu canso vou-me embora para voltar outra vez e terminar, caso haja o interesse. Assim consigo me divertir ao invés de me obrigar a ver tudo de uma só vez, o que certamente transformaria a visita numa experiência autoflagelante. Todo mundo sabe chegar no Ibirapuera, ele fica numa região bem central e de fácil acesso. Por isso não é nenhum absurdo o que estou falando.

Do que eu vi nessa primeira visita vou destacar algumas peças que me chamaram atenção, e que por si só já valeriam uma visita ao pavilhão. Lembremos sempre que embora pouco conhecidos do grande público, alguns dos expositores são artistas de canxa, de muita estrada, e as obras apresentadas não são exatamente novidade, e sim instalações, peças ou performances consagradas. O que de forma nenhuma tira o mérito ou a justificativa de sua presença, muito pelo contrário, ressaltam o bom trabalho da curadoria, principalmente quando associados ao tema proposto. Vale a pena conferir, e não é só porque é de graça!

Alberto Casari na produção da obra "Esta indescritível sensação marinha"
 É o caso por exemplo da instalação do PPPP (Productos Peruanos Para Pensar), um coletivo peruano formado por um homem só, Alberto Casari. Seus alter egos – o escritor e poeta visual Alfredo Covarrubias, os pintores Arturo Kobayashi e El Místico e o crítico de arte Patrick Van Hoste – produzem materiais assinados pela logomarca da empresa. Na instalação intitulada: "Esta indescritível sensação marinha", sete telas em branco são dispostas uma ao lado da outra. Os materiais utilizados para a pintura? Água do mar sobre tela. Numa tentativa de atingir uma arte "realista" e questionar o que o termo poderia significar (o que pode representar melhor o mar do que uma tela banhada com suas águas?), a sala dedicada ao PPPP apresenta ainda outras peças que completam seu raciocínio. Uma série de 7 caixas para o transporte de obras de arte vazias, bem como outras 7 telas explicando como foi o processo de montagem e a ideia do coletivo. Na parede a inscrição: "Se são artes visuais, porque os artistas fazem coisas que nos obrigam a ficar lendo?".

Jiří em performance nas ruas
Outro artista que fiquei muito feliz em ver na Bienal foi o tcheco Jiří Kovanda, que desde a década de 70 vem produzindo um exame sobre a vida cotidiana e sua normatização. Sua obra trata das relações interpessoais - é efêmera, humorada e pode ser tão sutil que passa despercebida pelo transeunte. Na  minha opinião as suas experiências mais interesantes, apresentadas na Bienal deste ano, foram: Numa escada rolante o artista ficou parado em um degrau de frente para as pessoas atras dele, encarando-as olhos nos olhos; Ao transitar pela rua Kovanda esbarrava propositalmente nas pessoas; Em um ambiente fechado e com grande circulação de pessoas Jiří atravessou a sala se esgueirando pelas paredes; Recolhia o lixo das ruas, como bitucas de cigarro, com as próprias mãos e depois jogar tudo no chão novamente. 

Vá a Bienal e veja as peças, depois volte aqui e deixe seu comentário!

Colagem de Ilene Segalove exposta na 30a Bienal
Uma novidade para mim foi conhecer a artista norte-americana Ilene Segalove. Gostei particularmente do seu humor seco, da ironia em suas obras e é claro, da crítica social. A artista produz colagens e fotomontagens, questionando o potencial das artes para mudança social e seu papel como entretenimento sofisticado. Nos últimos anos, produziu trabalhos que destacam histórias de vida das mulheres. 

O Taiwanês Tehching Hsieh bate ponto em performance



















E por fim, para não me extender muito, vou citar apenas mais um artista de destaque, o Taiwanês radicado em Nova Iorque, Tehching Hsieh. Suas peças intituladas One Year Performance, produzidas a partir do final da década de 70/começo de 80, dão o que falar. Na primeira delas o artista permaneceu trancado em uma cela dentro do seu estúdio por um ano. Em outras experiências ficou um ano amarrado a uma mulher, sem poder tocá-la; um ano sem poder acessar ambientes cobertos e assim por diante. Na imagem você vê o artista na performance em que durante um ano batia ponto, com foto de hora em hora.